Ushuaia

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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

12 Dia - Cochrane a Villa O'Higgins


Conforme combinado ontem, levantamos cedo, para nossa surpresa a senhora do hotel levantou também para fazer o café, pensamos que sairíamos sem, com isso atrasamos em meia hora a saída.

Saímos as 7:30 e o combinado foi de não pararmos para tirar fotos, pois a balsa que nos levaria a vila O'Higgins sairia as 10:00 horas e queríamos pegá-la pois a próxima somente as 12:00, tínhamos 109 kms de rípio e calculamos duas horas para fazer o trajeto, no meio do caminho começou a chover, o que nos atrasou mais um pouco, pois tivemos que parar para colocar as capas de chuva.

O rípio de hoje foi bem mais difícil em função das inúmeras curvas estreitas, difícil passar dois veículos e tem que se tomar muito cuidado, muitas pedras soltas e animais de todos os tipos no caminho.

Conseguimos pegar a balsa e depois ainda tivemos mais 120 kms de rípio e praticamente com chuva, mais curvas perigosas mas nada tão complicado, é só tomar cuidado, em função da chuva também não tiramos muitas fotos nesse trecho, e teríamos a volta de amanha para tirar as fotos.

Como em todo lugar no Chile, tem muitas pessoas viajando de bicicleta, pessoas sozinhas, amigos, casais, mas hoje um grupo em especial nos chamou atenção, um casal de Suíços com 2 filhos, um de dois anos e a menina de quatro, essa inclusive tem sua bicicleta e pode ajudar a mãe a pedalar.

Desembarcaram em Quito/Equador, pegaram suas bicicletas e estão viajando a 6 meses, ainda vão levar dois meses para chegar no Ushuaia, que é o objetivo deles.

Quando a balsa parou, enquanto os pais pegavam as bicicletas, as duas crianças esperaram os carros sair e depois, sozinhos, desceram da balsa e ficaram brincando nas pedras e na chuva até a mãe chegar, conheço mães que ficam desesperadas quando os filhos saem meio metro sem avisar, ficamos conversando entre nós, até onde vai esta super proteção que damos aos filhos achando que eles não tem condições de fazerem nada sozinhos, estes dois estão apreendendo a se virar desde que nasceram pelo jeito, fiquei observando eles na balsa, são super saudáveis e extremamente felizes e brincalhões, o de 2 anos praticamente nasceu numa bicicleta, pois se estão viajando a 6 meses acho que nem sabe o que é uma casa, pedalam durante o dia e a noite acampam aonde der.

Devem estar com anticorpos desenvolvidos para o resto da vida, o de dois anos tem um lenço pendurado no pescoço que deve ter uns 3 meses que não enxerga água, a não ser da chuva, acho que 95% das mães não fariam uma viagem dessas, mas quem sou eu para dizer que é certo ou errado, estou apreendendo a rever muitos conceitos nesta viajem.

Quando chegamos em O'Higgins, tinha outro casal com dois filhos fazendo a mesma coisa, eles estavam saindo daqui indo em direção a Balsa, as duas famílias devem se encontrar no caminho e devemos passar por eles amanha quando estivermos voltando, pois daqui não tem mais para onde ir, temos que voltar, aqui termina a Carretera Austral.

Ainda tem gente que me chama de louco por  ter montado esta viagem de 14.000 kms para vir sozinho, louco nada, venho sentado, não preciso fazer força é só acelerar, e nem vou dizer que estes casais são loucos, simplesmente tiveram uma ideia ou vontade e colocaram em prática, estão felizes.

No meu caso era para vir sozinho, na última semana o Tadeu entrou em contato comigo e resolvemos nos encontrar em Osorno e fazer o resto da viagem juntos, depois encontrei o Marcos e o Jairo pelo caminho, agora somos quatro pessoas que a 30 dias não se conheciam e agora estão viajando juntos, coisas como essa só acontecem com pessoas que se aventuram ou de moto ou de bicicleta!

Chegamos em O'Higgins, fomos almoçar e nos instalamos num hotel, são praticamente dois que existem aqui, o que nos estamos e o El Mosco, foi montado para atender os ciclistas que chegam na cidade, tem quartos na parede de baixo com beliches e na parte de cima quartos individuais e ainda uma cabana separada que cabem de 4 a 5 pessoas, na frente tem um hotel novo o Robinson Crusoe, é mais sofisticado e caro, se estivesse com a esposa ainda valeria a pena, mas sozinho não tem essa necessidade.

A cidade é muito pequena e o atrativo principal  é que aqui é o final da Carretera Austral, eu e o Tadeu fomos tirar foto na placa, afinal percorremos boa parte dela.

No final da Carretera tem um porto da onde saem barcos que levam os ciclistas para um caminho onde conseguem fazer o paso para a Argentina, mas só passam bicicletas, pois tem trajeto que elas tem que ser levadas nas costas.

Amanha sairemos as 8 para pegar a primeira balsa que sai as 11 horas.
Rodamos hoje 246 kms


























 

2 comentários:

  1. Bom dia Tony... Que maravilha !!! Não vejo a hora de estar por ai... Por enquanto só estou sonhando, mas, se preparando e juntando informações c/ vc. Li os comentários a respeito do casal de Suíços... realmente chego a conclusão de que precisamos rever alguns conceitos... Loucos ??? ...são as pessoas que não conseguem desfrutar às maravilhas da vida!!!... Acho q foi Amyr Klink no programa do Jô... Abçs Boa Viagem !!!

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  2. Rubens, pode ter certeza que vale a pena, é uma viagem inesquecível, vale qualquer sacrifício! Abraços

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